¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, outubro 16, 2005
 
REAÇÕES (6)




Em termos comparativos, alguns acreditam que a morte na cruz seja o pior passamento e assim a cruz poderia servir de um consolo tosco, como o consolo de dizer que existiram mortes piores. Enterrar um parente e assistir a tortura de um judeu, para alguns, pode ser confortante. Ainda que esta tortura tenha ocorrido há mais de dois mil anos.

De outro modo, num tribunal de justiça, lembrar a punição de crime de lesa-majestade às partes de um processo, pode também servir de lembrete que o direito romano, antes de tudo, tem a função de punir! E a cruz foi uma punição exemplar para mais de dois mil e quinhentos condenados que ousaram desafiar a superioridade do Triunvirato. Povinho infame este que tentou contestar! Pelos menos duas mil e quinhentas mortes na cruz foram registradas pelos historiadores, daqueles que ousaram este contestamento!

Lamentavelmente, não sobrou muita coisa do Império Romano! Talvez o Vaticano lembre aquele grande império, que sabia antes de qualquer outro, criar marcas, símbolos, linhas de pensamento e adaptar-se às modernidades, como a literatura grega em sua construção dramática!

Veja o Brasil! Aqui, os índios foram convertidos pacificamente! Após morte dos adultos, as crianças indígenas foram educadas segundo os preceitos católicos. Além disso, as meninas índias recebiam dos padres os nomes para seus filhos de pais desconhecidos! Quer caridade maior que esta? Os negros, de modo muito pacífico, também, tiveram sua liberdade religiosa. Transformaram seus orixás em santos que até hoje se confundem com os santos de outra religião!

Mas não ficaria bem adaptar, num tribunal as penas da inquisição com seus símbolos! Ora, isso não seria algo de beleza plástica, algo fácil de ser estampado às paredes! Imagine, pois, refletir fogueiras, forcas, óleos quentes e outras formas cristãs de expurgar pecados! Ai da Europa que viu soldados bárbaros invadirem seus territórios com outras linhas de pensamento e com isso, outras religiões. Não podem ver que isso fez de muita gente heróis de uma engenharia humana, capaz de criar religiões híbridas?

Então para o juiz Arriada Lorea, remover um símbolo religioso, ou do direito romano, ou de tortura, ou de Estado submisso a parcialidade religiosa, faz com que questões morais e de direito estejam separadas. Isso incomoda àqueles que acreditam que a lei deve obedecer às crenças, antes de servir a sociedade.

Manifesto meu apoio a remoção de símbolos religiosos de repartições públicas ou órgãos estatais.

Egle Figueiredo
http://eglef.blogspot.com/