¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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terça-feira, março 20, 2007
 
DEPUTADO TEM RECIDIVA



O Brasil já teve fama internacional por ser um país generoso com assaltantes internacionais e mafiosos. Você já deve ter visto não poucos filmes em que um vigarista bem sucedido, já nas cenas finais, após livrar-se da polícia, prepara as malas com uma bela cúmplice e escolhe seu rumo com um sorriso beatífico: Brasil. Os tempos mudaram. Atualmente estamos recebendo de braços abertos uma nova safra de delinqüentes, os terroristas.

Foi preso ontem, quando passeava tranqüilamente no calçadão de Copacabana, o italiano Cesare Battisti, terrorista ligado às Brigadas Vermelhas, que durante dez anos sabotaram fábricas, assaltaram bancos e realizaram atentados contra juízes, jornalistas, policiais e empresários, culminando com o seqüestro e assassinato do ex-premiê Aldo Moro, em 1978. Battisti, de 52 anos, foi condenado na Itália à prisão perpétua - à revelia - por quatro homicídios nos anos 70. É o que leio nos jornais.

Battisti se diz inocente. Mas não ousou comparecer aos tribunais para defender-se quando estava sendo julgado. Estava gozando de um exílio idílico na França, graças a uma lei de Mitterrand que negava extradição a terroristas italianos. Em 2004, com a cassação do asilo, fugiu para o Brasil, para não ser reenviado à Itália. Sua escolha foi sensata. O Brasil está se tornando um resort de luxo para terroristas aposentados. É o único lugar do mundo em que guerrilheiros presos, condenados e expulsos do país por ações terroristas estão hoje confortavelmente sentados nos altos escalões do poder. Battisti deve ter intuído que encontraria nas praias cariocas o meio-ambiente ideal para gozar ses vieux jours. Com sorte, teria um lugar ao sol no jornalismo tupiniquim. Antonio Negri, outro terrorista italiano, ligado às Brigadas Vermelhas e responsável por inúmeros crimes, tem coluna na Folha de São Paulo.

Com a ameaça de extradição de Battisti para Itália, Fernando Gabeira imediatamente saiu em socorro do companheiro de armas. O deputado está liderando um movimento, junto ao governo e parlamentares, para evitar que Battisti tenha de cumprir a pena a que foi condenado na Itália: prisão perpétua. Após sua militância estúpida num grupo guerrilheiro, que culminou com o seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, Gabeira parecia ter-se tornado um homem sensato, após seus anos de Suécia. Renunciou à ideologia de juventude, para irritação das esquerdas e apreço de um eleitorado avesso ao terror. O deputado teve agora uma recidiva. Seus bons propósitos de guerrilheiro arrependido estão vazando pelo ralo.

Gabeira certamente terá êxito. O Supremo Tribunal Federal já negou extradição a três outros terroristas italianos: Achille Lolo, acusado de matar duas crianças em incêndio e hoje assessor oficioso do PSOL; Luciano Pessina, membro das Brigadas Vermelhas e Pietro Mancini, participante da organização Autonomia Operária.

Intelectuais franceses estão fazendo campanhas de apoio a Battisti. No Brasil, Gabeira foi o pioneiro a solidarizar-se com o criminoso. Faltam ainda Chico Buarque, Marilena Chauí, Antônio Cândido, Stédile, Leonardo Boff, frei Betto, Emir Sader, Ariano Suassuna, Niemeyer, enfim, toda aquela constelação de sumidades sempre dispostas a defender qualquer assassino, desde que seja de esquerda. Não perdemos por esperar.

Terroristas unidos jamais serão vencidos. Com habilidade, ainda se descola uma boa prebenda para Battisti.