¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, março 10, 2007
 
KAFKA INSPIRA CHINESES



Segundo a agência noticiosa estatal chinesa Xinhua, na província de Shandong foi introduzido no sistema penal um programa de computador, já utilizado pelos juízes para ditarem suas sentenças em mais de 1.500 casos. O software consiste num banco de dados sobre leis, sentenças e interpretações judiciais, baseado em mais de 7 mil casos julgados entre 2001 e 2005. Quando um juiz quer utilizar o arquivo, só precisa digitar os detalhes do caso que está julgando. Em um minuto, o computador apresenta uma sugestão de sentença.

Franz Kafka já havia concebido este instrumento no início do século passado. Como não viveu na era dos computadores, concebeu, na novela Na colônia penal (1914), uma máquina infernal de administração da Justiça. Os julgamentos são singelos e deles só participam o réu, um soldado e o oficial encarregado de ministrar a justiça, isto é, de operar a máquina. Para que cada condenado sinta na carne o peso e a especificidade da sentença que recebeu, a máquina a escreve em sua pele, em letras de sangue.

A bem da verdade, o soft chinês não escreve a sentença em sangue. Mas certamente acelera os procedimentos judiciais. Viria a calhar para desentulhar os tribunais brasileiros.