¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sábado, março 17, 2007
 
PRAGMATISMO



Lá pelos anos 70, quando eu ainda ia ao teatro, assisti em Porto Alegre Toda nudez será castigada, do Nelson Rodrigues. É mais uma daquelas histórias escabrosas do dramaturgo, em que três tias dominam um adolescente. Que acaba fugindo com o personagem maior da peça, o ladrão boliviano, que sequer aparece em cena. Lá pelas tantas, uma das tias diz: "Se meu filho fosse bicha, eu matava". Não faltou um gaiato na platéia para comentar: "Seria o fim do teatro nacional".

O jornal francês Libération faz uma pergunta interessante: "as Forças Armadas americanas terão necessidade dos homossexuais para ganhar a guerra no Iraque?" O problema é que enquanto o Pentágono tem cada vez mais dificuldades em encontrar recrutas, os membros do Congresso americano e mesmo militares propõem aceitar definitivamente gays e lésbicas no Exército. 11077 participantes deste contingente - ou seja, uma divisão inteira - foram expulsos por sua orientação sexual entre 1994 e 2005. Entre estes, numerosos médicos e 54 lingüistas arabófonos, dos quais o Exército teria uma necessidade crucial.

Peter Pace, o comandante dos Estados Maiores, disse: "Creio que os atos homossexuais entre dois indivíduos são imorais". Em verdade, o que prevalece no Exército americano, é a lei do Don't ask, don't tell, instaurada em 93 por Bill Clinton. Ou seja, o soldado pode ser homossexual, desde que cale. Consta que hoje 65 mil homossexuais continuam a servir nas Forças Armadas americanas. Calados.

Esta filosofia convém a quem quer escapar mais ou menos honrosamente de servir no Iraque. Militares para lá designados começam a alegar homossexualidade. A pesquisa visando purgar as Forças Armadas de homossexuais já custou algo entre 250 milhões e um bilhão de dólares. O próprio Bush teve de convir que as declarações do general Pace são "inapropriadas".

O antigo comandante dos Estados Maiores, John Shalikashvili, considera que a disposição da Forças Armadas foram reduzidas pelos deslocamentos no Oriente Médio, e "que nós deveríamos aceitar todos os americanos que querem servir. 'Não pergunta, não diz nada' não tem sentido em tempo de paz e, em tempo de guerra, esta política é absurda".

As Forças Armadas americanas estão sendo pragmáticas. Em tempos de guerra, não importa a orientação sexual da carne de canhão. O homossexualismo avança. Se quiserem dispensar os que optam por este comportamento, correm o risco de ter o mesmo fim do teatro brasileiro.

Com a atual crise de vocações sacerdotais, bem que o Vaticano poderia meditar um pouco sobre o pragmatismo do Tio Sam.