¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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segunda-feira, junho 11, 2007
 
MUSTAFÁ POURMOHAMMADI
DEFENDE FÓRMULA AO GOSTO
DOS MACHOS IRANIANOS





Se há algo que não entendo, é o que os religiosos têm contra o livre exercício da sexualidade. As religiões, de modo geral, só aceitam o sexo doméstico, dentro do matrimônio e olhe lá. Práticas mais heterodoxas são sempre vistas com maus olhos, quando não cabalmente condenados. Por outro lado, se há algo que me diverte, é ver os arabescos colaterais que padres, mulás e aiatolás empunham para driblar o conflito entre o dogma e a imperiosidade do desejo.

Já comentei várias vezes essa singular instituição iraniana, o sigheh, casamento temporário que pode durar minutos, horas, semanas ou 99 anos. Como a tradição religiosa muçulmana exige que as mulheres permaneçam virgens até o matrimônio, alguma fórmula há de se encontrar para saciar a luxúria dos jovens machos iranianos. A boa trouvaille foi o sigheh: o macho casa, copula e logo descasa, sempre preservando rigorosamente a tradição. Não houve sexo fora do matrimônio. Sexo só ocorre dentro do matrimônio, ainda que este dure apenas o tempo da trepada. Para praticar o sigheh, basta recitar um versículo do Corão. O contrato oral não é registrado e o versículo pode ser lido por qualquer um. Uma contraprestação em dinheiro às mulheres casadas segundo este ritual é bem-vinda.

Leio no Guardian que o ministro do Interior do Irã, Mustafá Pourmohammadi, declarou na cidade sagrada de Qom que o sigheh deve ser promovido para contrabalançar a tendência de casamento tardio, que ele disse estar privando a juventude da satisfação sexual. Segundo Pourmohammadi, a prática é norma de Deus, e serve como alternativa aceitável ao sexo pré-conjugal, proibido pela lei islâmica. "Será possível que o islamismo seja indiferente a um jovem de 15 anos no qual Deus incutiu apetite sexual? Temos de encontrar uma solução para atender o desejo sexual dos jovens que não têm possibilidade de casamento. O islamismo é uma religião abrangente e completa e tem solução para todos os comportamentos e necessidades, e o casamento provisório é uma das soluções para as necessidades dos jovens". Em 1990, quando presidente do Irã, Hashemi Rafsanjani já havia dito que o casamento temporário era preferível à promiscuidade dos ocidentais.

Quanto às jovens, que se lixem. Ao que tudo indica, Deus não incutiu desejo sexual nas mulheres. As mulheres "casadas" pelo sigheh certamente constituirão uma categoria à parte no universo persa. É óbvio que um honesto macho iraniano jamais casaria definitivamente com uma mulher que tenha tido vários casamentos provisórios.

Em todo caso, a instituição é um expediente eficaz para impedir a infidelidade conjugal. Seria interessante que fosse levado em consideração pelo Congresso Nacional. Fossem Renan Calheiros e Mônica Veloso unidos pelos sagrados - ainda que precários - laços do sigheh, não teriam sido expostos à sanha da mídia, afinal tudo teria ocorrido dentro do matrimônio. O sigheh também é santo remédio contra a prostituição, afinal não constitui prostituição relacionar-se com a própria mulher.

O Islã é abrangente e generoso e tem solução para todos os conflitos humanos. Nada a ver com este Ocidente cristão e promíscuo. Alá-u-akbar!