¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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segunda-feira, julho 16, 2007
 
EUROPA INOVA EM JORNALISMO




Leio na BBC Brasil que um motorista parou um ônibus hoje em Lindau am Bodensee, no extremo sul da Alemanha, para reclamar do decote de passageira. O motorista pediu a ela que trocasse de lugar ou saísse do veículo. A assistente de vendas Deborah Moscone, 20, estava sentada em um dos bancos da frente do ônibus vestindo uma camiseta que deixava à mostra boa parte de seus seios. A imagem era bem visível no espelho retrovisor do motorista, que parou o veículo para reclamar do decote. O motorista disse a Deborah que a visão dos seios o estava incomodando e que ela colocava em risco a segurança dos demais passageiros do ônibus.

A primeira exigência de uma reportagem é a resposta a quatro perguntas: Quem? Quando? Onde? Como? O texto da BBC responde às três últimas. Só faltou a primeira: quem? Esta resposta está sempre ausente na maioria das reportagens européias que tratam de assuntos semelhantes nos últimos anos. No caso de crimes, há quem alegue que uma pessoa só pode ter o nome citado após ter sido julgada e condenada. Ora, não procede. Quando se trata de crimes políticos ou corrupção, o nome do suspeito passa a freqüentar as primeiras páginas dos jornais, antes mesmo de qualquer julgamento. Sem ir mais longe, Jacques Chirac. (Não vai nisto nenhuma defesa ao homem). É citado a toda hora como implicado em casos de corrupção, sem que jamais por isso tenha sido julgado.

Que mais não seja, no episódio ocorrido em Lindau am Bodeense, não houve crime algum. Não haveria prejuízo algum ao motorista caso seu nome fosse citado. O que parece ocorrer é que implicados em crimes políticos ou de corrupção são quase sempre nacionais. E os implicados em faits divers desse tipo, são quase sempre imigrantes ou filhos de imigrantes.

Comentei outro dia o caso de um homem que confessou ter assassinado seus três filhos, encontrados mortos na banheira de sua casa em Montélimar, no Estado de Drôme, na região sul da França. Os jornais franceses noticiaram o fato, mas não deram um pio sobre o nome, ou pelo menos a nacionalidade ou origem, do autor do crime. A imprensa européia já não ousa dar nome aos bois, quando os bois são árabes ou africanos. Desde há muito a imprensa européia vem omitindo o quem. No ritmo em que o politicamente correto invade a Europa, em breve a regra de ouro do jornalismo será reduzida a apenas três perguntas.