¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, dezembro 28, 2007
 
AINDA A REVOADA DE ORNITÓLOGOS



Prezado Sr. Janer,

quanto ao seu artigo "sobre a periculosidade dos ornitólogos" acho que o senhor deveria se informar melhor sobre alguns aspectos biólogicos antes de criticar a atuação de conservacionistas e ONGs. Eu, como bióloga, sinto-me na obrigação de defender o outro lado.

Atividades conservacionistas são complicadas por si só, como o senhor bem relata "se o que importa é o tamanho do fragmento ou a sua conectividade". E é ainda mais difícil colocá-las dentro do contexto sociológico e humano. Sabemos o quão difícil são estas decisões de deixar milhares de pessoas sem tratamento de água para a preservação do ambiente!

Entretanto, quero ressaltar dois principais pontos. O primeiro é que, quando utilizamos os passarinhos, tigres ou mico-leão para tentar impedir uma catástrofe ambiental, sabemos que temos que usar como símbolo uma espécie bonitinha, que nos ajude a conseguir atenção e fundos para os projetos de conservação. Entretanto, a preservação de algumas espécies é essencial para a preservação do ecossitema como um todo (ou da referida área). Chamamos estas espécies de espécies-chave, como é o caso dos tigres, por exemplo. Por serem predadores de topo de cadeia, o equilíbrio da comunidade (conjunto local de espécies) é completamente dependente da presença deste predador. Mais ou menos assim: se o tigre é extinto, a quantidade de herbívoros aumenta descontroladamente e estes, por sua vez, acabam com as plantas, entende? Ou seja, se mantivermos vivo o tigre, aranhas, morcegos e lagartixas também são preservados. Aqui cabe ainda dizer que sim, existem de projetos voltados para a preservação de morcegos; sobre estes eu posso afirmar, mas acredito que também exista para a preservação de espécies mais "nojentas".

Quanto as outras espécies, como pássaros, muitos são indicativos de se uma área está bem preservada ou não. TODAS as espécies são diferentes e possuem diferentes papéis ecológicos. É óbvio que uma pomba conseguiu se adaptar ao ambiente urbano. Se adaptou tão bem que inclusive representa uma ameaça a ambientes pristinos, e pode introduzir inúmeras doenças. Entretanto, outras espécies de aves, como os tapaculos, são extremamente sensíveis a deterioração ambiental. E nem todas as aves migram, isto é um informação incorreta. Alguns pássaros são incapazes de sair de um fragmento de floresta passando por uma área aberta e destruída para chegar a outra floresta! Eles simplesmente ficam e morrem se faltarem recursos!

O segundo ponto é que, sempre haverá um rio ou outro local para se fazer uma represa que não afete tanto o equilibrio ambiental. Ou seja, de várias opções de projetos de saneamento, deve ser escolhida a que menos afeta o ambiente. Mas da mesma forma que o senhor alega que a ave pode migrar e se readaptar, lhe afirmo que o ser humano tem uma capacidade de migração e readaptação muito maior. Somos a única espécie que está em todos os ambientes!

Sim, o equilíbrio humanidade/natureza é muito complexo. O fato é que não podemos simplesmente asfaltar tudo e fazer hidroelétricas em todos os rios! O efeito da destruição ambiental já tem sido bastante óbvio com o aquecimento global. Temos que preservar o pouco de ecossistema nativo que nos resta na tentativa que vivermos num mundo que acreditamos ser o melhor pra nós humanos também!

Eloisa Sari