¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quarta-feira, junho 25, 2008
 
APEDEUTA DEFENDE ILEGALIDADE



O Supremo Apedeuta é ágil em sofismar, não perde nenhuma ocasião de dizer besteiras. Disse ontem que a recente lei de restrição à imigração da União Européia é preconceituosa. "Qual é o grande problema que nós temos no mundo desenvolvido hoje? É o preconceito contra a imigração", disse o Supremo.

Ora, não há preconceito algum contra a imigração. A Europa precisa de imigrantes e tem perfeita consciência disto. O que a UE não quer é a imigração ilegal. Desde há muito havia uma imensa complacência em relação aos ditos sem-papéis, e particularmente da Igreja Católica. Em quase todos os países da Europa, os padres davam guarida a quem entrava ilegalmente no continente. O que a Santa Madre fazia era, na verdade, uma defesa da ilegalidade. O mesmo pretende Lula.

Para o Apedeuta, "o vento frio da xenofobia sopra outra vez". Ora, está soprando pela primeira vez, porque até agora os sem-papéis sempre foram tolerados. E não se trata de xenofobia. Lula, que não entende nem português, de etimologia não entende pivicas. Xenofobia, literalmente, seria medo ao estrangeiro. Não é este o sentimento da Europa. O que se pretende é apenas cumprir a lei.

"Qual é o grande problema que nós temos no mundo desenvolvido hoje? – pergunta a si mesmo o Supremo – É o preconceito contra a imigração. É o medo de perder seu status quo, é o medo de perder o emprego, é o medo de ter alguém ocupando seu espaço. E isso hoje é um problema extremamente sério em toda a Europa. Não é proibindo os pobres de ir para a Europa, é ajudando a desenvolver os países pobres."

A Europa, com seu baixo índice de natalidade, sempre precisará de imigrantes. Não está proibindo os pobres de chegarem lá. Se você migrar para os países europeus com um contrato de trabalho ou de acordo com a legislação vigente – seja pobre ou seja rico – não será barrado em nenhuma aduana nem expulso de nenhum país. Europeu algum tem medo de perder seu emprego ou seu espaço. Porque o trabalho destinado ao imigrante é o trabalho braçal, que europeu algum quer. Imigrante não compete com europeu. Compete apenas com outros pobres diabos que também migram.

Todos os países do mundo empregam mão de obra barata para o trabalho sujo. É normal. Um professor universitário, um economista, um físico ou engenheiro não vai aceitar fazer o trabalho sujo. Nem nós não aceitamos. Tanto que temos sempre uma faxineira para o trabalho sujo de nossa casa. Isto faz parte da vida. Quem pode mais chora menos. Por outro lado, é bom lembrar que aquele imigrante que faz o trabalho sujo na Europa, vive em melhores condições de vida e tem mais assistência do que se fizesse trabalho limpo em seu país de origem.

Nos anos 70, a Europa chamava os imigrantes. A Suécia exibia suas adoráveis louras nórdicas - oficialmente, em publicações da Sverige Huset - para atrair mão de obra. A Alemanha convidava os gastarbeiter. Uma coisa é ser convidado para um país, ou entrar nele cumprindo os requisitos legais. Outra coisa é entrar clandestinamente ou com papéis falsos no país. Se isso for permitido, que se acabe então com fronteiras e aduanas. Se todo mundo pode entrar, aduana pra quê?

É curioso observar que Lula não dirige sua acusação aos Estados Unidos, um dos países mais rígidos quanto à aceitação de imigrantes. Mesmo o Brasil tem suas regras para a entrada de imigrantes. Se não as observa é porque sempre foi uma casa-da-mãe-Joana. O Brasil está cheio de imigrantes ilegais de todo azimute, desde a Coréia até a Bolívia. O que inclusive depõe a favor do país. Se há gentes migrando para cá, é porque aqui é melhor que lá.

Mas a Europa percebeu que não pode nem tem razões para receber os pobres do mundo todo. Isso sem falar no problema árabe. Os muçulmanos, viciados por suas teocracias, quando chegam na Europa já querem impor suas práticas bárbaras. O pior é que as estão impondo. A atual reação européia a uma imigração sem controle – em hora tardia, é verdade – longe de ser um preconceito, é uma defesa do Ocidente e de seus valores.