¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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quinta-feira, janeiro 22, 2009
 
ONE DROP RULE
VOLTA A VIGER



O que mais espanta neste oba-oba-Obama é ler jornalistas que afirmam não mais existirem preconceitos raciais nos Estados Unidos, afinal um negro foi eleito. E aqui já começa o preconceito. Obama não é negro, é mulato.

Excesso de zelo da imprensa nossa. No censo de 2.000, quase sete milhões de norte-americanos, pela primeira vez, foram autorizados a identificar-se como integrantes de mais de uma raça. As categorias inter-raciais mais comuns citadas foram branco e negro, branco e asiático, branco e indígena americano ou nativo do Alasca e branco e "alguma outra raça". Os Estados Unidos deixaram de lado a one drop rule, pela qual um cidadão é considerado negro mesmo que tenha uma única gota de sangue negro em sua ascendência, e descobriram o mestiço.

Mas não a imprensa nacional. Para nossos jornalistas, deste país mestiço, Obama é negro. Não bastasse isto, Carlos Heitor Cony escreve hoje na Folha de São Paulo:

“Tampouco espero maravilhas curativas da gestão de Barack Obama. O mais importante já foi feito – e com brilho histórico: enterrou formalmente o preconceito racista que ainda prevalecia em algumas camadas da sociedade. Neste particular, os Estados Unidos merecem nota dez”.

Enterrou? Então sugiro ao imortal cronista viajar aos Estados Unidos e, ao preencher seu pedido de visto, definir-se como branco. Não vai dar. Segundo os critérios americanos, nem Cony, nem Fernando Henrique Cardoso, nem o tal de Lula da Silva, nem mesmo eu, somos brancos.

Pertencemos à exótica raça dos hispânicos. Como se brasileiro fosse hispânico. O que não é de espantar para quem pensa que na América Latina se fala o latim, como já disse o Dan Quayle. A eleição de Obama, no fundo, significa a instauração definitiva do preconceito. Sendo mulato, é definido como negro. A one drop rule, que parecia ter sido sepultada há nove anos, voltou a viger. E com força.