¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

Powered by Blogger

 Subscribe in a reader

domingo, agosto 16, 2009
 
CORRUPÇÃO NA ACADEMIA


Olá, Janer, tudo bem?

Esses dias, andei lendo um texto seu em que você critica os pavões da Academia Brasileira de Letras e a infantil necessidade de autoafirmação daqueles senhores, de muitos dos quais eu nunca ouvi falar... Pois bem: não é que neste mês de agosto a revista National Geographic Brasil traz um reportagem sobre aquele clube de pavões tupiniquins?

O repórter da National começa a matéria com uma rasgação de seda das mais piegas: "É uma sensação estranha a de estar no meio de uma turma de "imortais". Como se minha existência houvesse de repente se tornado mera, banal, menor". Jornalista deslumbrado, qual crente na Terra Santa, nessas horas é o que não falta!

É bem conhecido o nacionalismo que há em torno da literatura nacional, a tal ponto que os vestibulandos e universitários dos cursos de Humanas são obrigados a engolir obras indigestas porque são "nossas". Mas de acordo com o seguinte parágrafo da reportagem, a vestimenta dos acadêmicos, os sedizentes imortais do "orgulho literário nacional", não reflete a cultura do país cujas letras eles julgam representar: "O modelo do fardão (roupa usada pelos eleitos da ABL para tomar posse da "imortalidade") é inspirado na roupa dos carabinieri, os policiais da região da Calábria, na Itália. É composta de casaca verde-musgo bordada com fios de ouro, camiseta, suspensório e chapéu em estilo Napoleão. O fardão é todo feito à mão, leva de 30 a 40 dias para ficar pronto e envolve cinco profissionais na confecção. Cardoso (o alfaiate-chefe) introduziu uma novidade na vestimenta: "O fardão era de lã; eu faço de cambraia inglesa, que é um tecido mais adequado a nosso clima. Os imortais aprovaram", revela o alfaiate sorrindo".

Mas a cereja desse bolo eu tirei do meio do parágrafo citado supra e destaco aqui: "Normalmente, quem paga a conta da roupa é o governo do Estado onde o escritor nasceu".

Resumo da ópera: esses singelos senhores se intitulam imortais da literatura brasileira, mas na hora da pompa usam um fardão, certamente caríssimo, baseado no requinte da cultura branca européia, que muitos deles costumam menosprezar publicamente. E quem paga a conta? Eu, você, meus vizinhos, seus vizinhos. O que mostra que hipocrisia e corrupção costumam formar um belo par na ABL...

De seu assíduo leitor,

Lourival M. de Souza Jr.



É por aí, Lourival!

Além de pagarmos silicone para travestis, produção de filmes para cineastas, produção de shows para o Caetano Veloso, produção de espetáculos para o Cirque du Soleil, bolsas-literatura para escritores já corruptos desde o berço, bolsas-família para vagabundos que esperam sentados suas bolsas, bolsas-ditadura para vigaristas de esquerda que um dia tentaram fazer do Brasil uma imensa Cuba, pagamos também os parangolés dos Sarneys e Conys e Darcys Ribeiros da vida. O fardão do Carlos Nejar, por exemplo, foi pago pelo governo do Turquinho Simão – como era chamado Pedro Simon, esta jóia sem jaça – quando governador do Rio Grande do Sul. Isto é, foi pago pelo contribuinte gaúcho.

Por muito menos que isto, os Estados Unidos proclamaram sua independência. O contribuinte brasileiro, manso como boi na canga, paga sem tugir nem mugir.

Ama com fé e orgulho,
a terra em que nasceste.
Criança! Não verás
país nenhum como este.