¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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domingo, agosto 16, 2009
 
NO PANTANAL, O PIRAPUTANGA
E O PAPAGAIO-DO-PEITO-AZUL



Olá Janer,

Resido na roça Campo Grande, MS, e cá o ambientalismo já se alastra nas percepções jurídicas. Avisa-me o piedoso mestre universitário ecológico que as usinas de álcool em pleno Pantanal estariam por eliminar um peixe interessante, o conhecido piraputanga, e o papagaio-do-peito-azul, animalzinho carismático. No mínimo interessante que, seguindo em seu raciocínio apocalíptico, profetiza que as perdas humanas serão maiores se não for interrompido o processo de industrialização da região. Ou seja, propaga que a eliminação humana, agora em número reduzido, é necessária à manutenção da ecologia e do papagaio-do-peito-azul.

Depois, continua sua exposição acerca dos direitos humanos fundamentais e divinamente cita Canotilho, ipsis literis, aos incautos que, tal como o velho comuna, também gostam dos peixes.

Era preciso ser tão transparente? Dei leves risos diante da obviedade, mas indignado.

Abçs,

Filipe Maranhão


Pois, Filipe, as bandeiras dos ecólogos - e agora, pelo jeito, dos ictiólogos - já estão se tornando monótonas. Não bastassem o curiango-do-banhado, o macuquinho-da-várzea, o Acratosaura spinosa, o Gymnodactylus vanzolinii e o papagaio-do-peito-roxo, temos agora o piraputanga e o papagaio-do-peito-azul. Mais um pouco e descobrem o putapiranga e os papagaios de peito vermelho, verde, amarelo, lilás e cor de anil. O espectro é vasto.

Como se tornou ridículo falar em lutas de classes, fala-se agora em proteção da fauna. Abaixo o capital, as usinas e o desenvolvimento. Viva o atraso e a miséria.