¡Ay de aquel que navega, el cielo oscuro, por mar no usado
y peligrosa vía, adonde norte o puerto no se ofrece!
Don Quijote, cap. XXXIV

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sexta-feira, outubro 16, 2009
 
COMUNISMO: A MENTIRA
COMO SEGUNDA PELE



Discutíamos sobre Mercedes Sosa. Discordância nenhuma quanto à beleza de sua voz. Eu dizia a meu interlocutor, falando a propósito de La Negra, que todo comunista é um canalha. (Em verdade, usei outra palavra). Considero que, em um comunista, a mentira é uma segunda natureza. Ou segunda pele, como quisermos. Ele sugeriu-me que desenvolvesse melhor o assunto.

Ora, é mais ou menos que tenho escrito ao longo de toda minha vida. E desde muito antes da queda do Muro. Hoje, vinte anos após a queda, dezoito anos após a implosão da União Soviética, surgem cá e lá madalenas arrependidas fazendo mea culpa. Fizeram carreira e fortuna montados no comunismo e hoje posam como libertários. Minhas restrições ao marxismo são desde quando me conheço por gente. Lá pelos quinze ou dezesseis, recebi de presente o Curso de Filosofia, do Georges Politzer. Em verdade, tratava-se de um curso de marxismo. Os comunistas sempre confundiram ideologia com filosofia. O livro até pode ser primário, mas dá uma boa idéia da miséria intelectual da doutrina. Eu já tinha alguns anos de leituras de história da Filosofia e o marxismo me pareceu uma resposta por demais rude ao intelecto humano.

Naquela época, eu não tinha – e, exceto os comunistas, ninguém mais tinha – uma idéia precisa dos crimes do comunismo. Hoje, nós a temos. Le Livre Noir du Communisme (Stéphane Courtois et allia), enumera os cem milhões de cadáveres feitos pelos comunistas no século passado. As 846 páginas do livro tornam o relato cansativo. Basta, a meu ver, um resumo: URSS — 20 milhões de mortos; China — 65 milhões; Vietnã — 1 milhão; Coréia do Norte — 2 milhões; Cambodja — 2 milhões; Europa do Leste — 1 milhão; América Latina — 150 mil; África — 1,7 milhão, Afeganistão — 1,5 milhão; movimento comunista internacional e PCs fora do poder — uma dezena de milhar de mortos.

Vamos a mais alguns feitos do comunismo, relacionados no livro supra:

- fuzilamento de dezenas de milhares de reféns ou de pessoas aprisionadas sem julgamento e massacre de centenas de milhares de operários e camponeses rebelados entre 1918 e 1922;
- epidemia de fome de 1922, provocando a morte de cinco milhões de pessoas;
- extermínio e deportação dos cossacos do Don em 1920;
- assassinato de dezenas de milhares de pessoas nos campos de concentração entre 1918 e 1930;
- extermínio de aproximadamente 690 mil pessoas por ocasião da Grande Purga de 1937-1938;
- deportação de dois milhões de kulaks em 1930-1932;
- destruição pela fome provocada e não socorrida de seis milhões de ucranianos em 1932-1933;
- deportação de centenas de milhares de poloneses, ucranianos, bálticos, moldavos e bessárabes em 1939-1941, e depois em 1944-1945;
- deportação de alemães do Volga em 1941;
- deportação e abandono os tártaros da Criméia em 1944;
- deportação e abandono dos chechenos em 1944;
- deportação e abandono dos inguches em 1944;
- deportação e liquidação das populações urbanas do Camboja entre 1975 e 1978;
- lenta destruição dos tibetanos pelos chineses após 1950.

E por aí vai. Na China atual, em prosa e verso cantada por seu desenvolvimento econômico, continua sendo cultuado o mais operoso assassino de todos os séculos, Mao Tse Tung. Suas estátuas, onipresentes, são visitadas por milhões de turistas. Na Rússia, Putin quer restabelecer o culto a Stalin. Não por acaso, Yevgeny Dzhugashvili, neto do tirano, está processando a Novaya Gazeta, por ter afirmado que Stalin pessoalmente ordenou a morte de cidadãos soviéticos. Para o neto do vovô, o artigo seria mentiroso. Ele quer uma indenização e um pedido de desculpas do jornal. O artigo publica documentos secretos com ordens de assassinatos com a assinatura do próprio Stalin. Mas o Yevgeny Dzhugashvili afirma que seu avô nunca ordenou diretamente nenhuma morte. Sua pretensão foi negada por um tribunal judiciário.

Ou seja: quem quiser cultuar Mao, Stalin – ou Ceaucescu, ou Pol Pot ou Kim Il Sung ou Fidel Castro – tem de negar os milhões de cadáveres que estes senhores produziram. Não há como buscar virtudes nos regimes comunistas sem mentir.

Todo comunista é, antes de tudo, um mentiroso. O espantoso é que ainda hoje a imprensa lhes dê espaço para mentir.